Novo time, rosto familiar: Entrevista com o Yuri, fundador e treinador do Chimangos
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Yuri – fundador e técnico do clube estreante Chimangos |
O adversário do Cerâmica este domingo é o estreante da liga, o Chimangos Beisebol e Softbol Clube (Porto Alegre). Apesar de ser um time novo, o fundador é um rosto muito familiar nesta época moderna de beisebol gaúcho: o Yuri Jaeger Monti (24 anos, Porto Alegre). Em 2006 com 20 anos de idade e apenas três anos de prática do beisebol, o Yuri foi um dos fundadores do Farrapos Beisebol Clube. Em seguido ele ajudou na criação do campeonato estadual do esporte. Após dois anos como jogador-treinador do time da capital e um intercâmbio nos EUA, este estudante de Engenharia de Controle e Automação na PUCRS saiu do clube com a intenção de criar mais um time. Enquanto Yuri montava uma equipe nova em 2009, a presença dele não faltou na liga pois ele freqüentemente foi atrás “home plate” arbitrando os jogos. Em setembro foi fundado o clube que depois recebeu o nome Chimangos. Cerâmica Beisebol falou com o Yuri sobre o novo clube..
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Logotipo – Chimangos |
Cerâmica Beisebol: Quando nasceu a idéia de sair do time do Farrapos para formar um time novo? O que precipitou esta decisão?
Yuri Jaeger Monti: Meus objetivos com o beisebol mudaram bastante de uns anos pra cá, passando de um simples hobby para algo bem mais sério na minha vida. Agora busco desenvolver e difundir o esporte no Rio Grande do Sul, não somente uma equipe em específico. Logo que retornei dos Estados Unidos no inicio de 2009, vi que o Farrapos já tinha condições de continuar sem minha ajuda, e parti então pra criação de uma nova equipe em Porto Alegre.
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A gurizada do Chimangos diverte-se antes de sua estreia na Gaúchão. |
CB: Porto Alegre pode sustentar três times deste esporte pouco conhecido?
Yuri: Com certeza! Acredito que quanto mais equipes houverem, mais força teremos para tornar o esporte cada vez mais conhecido na cidade. Existem centenas de pessoas em Porto Alegre que gostariam de praticar e simplesmente não sabem que existe o beisebol por aqui.O maior numero de equipes também ajuda na busca de apoio para projetos em órgãos e entidades, pois a abrangência deles pode ser maior, como por exemplo na construção de um campo municipal, onde as três equipes possam usufruir do espaço, ou ainda atividades comunitárias entre outros.
CB: O que foi e é seu objetivo com o clube?
Yuri: Depois da experiência e o aprendizado que tive com a criação do Farrapos, muitas coisas novas e outras idéias diferentes que gostaria de por em prática estou tendo agora a oportunidade de aplicar no Chimangos. O objetivo inicial foi a criação de uma nova equipe para ajudar no desenvolvimento do esporte no estado, como havia comentado. A idéia era criar uma equipe totalmente nova, com valores e ideais novos, organizada e voltada primordialmente para as pessoas iniciantes no beisebol.
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Técnico do Chimangos |
CB: Como você montou a equipe? Como recrutou jogadores?
Yuri: Inicialmente com a ajuda do meu colega Gabriel, começamos a chamar algumas pessoas que gostariam de praticar e nos enviavam e-mails já há algum tempo, e começamos a nos juntar e treinar.
CB: Quando foi realizado o primeiro treino? Quantos participarem?
Yuri: O primeiro treino foi em meados de junho de 2009, durante a semana à noite, na época o time não havia nem nome. Treinavam cerca de oito pessoas, incluindo pessoas das equipes já existentes (Farrapos e Seinenkai). Embora a data de fundação tenha ficado em setembro, começamos a treinar com o nome de Chimangos a partir de novembro, época em que os treinos se intensificaram.
CB: Quantos jogadores o clube tem atualmente?
Yuri: Atualmente temos apenas dez jogadores, mas o numero está para aumentar exponencialmente nos próximos meses.
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Os estreantes de 2010 em campo pela primeira vez na sua história. |
CB: Como descreveria sua equipe? Têm jogadores que já tiveram experiência de beisebol ou comecou de zero?
Yuri: No Chimangos temos somente três jogadores com experiência prévia, sendo que dois deles estavam parados a alguns anos. O restante do pessoal é iniciante, com pouca ou zero experiência. Eu mesmo procuro não participar dos jogos, para dar oportunidade à todos de jogarem. É uma equipe séria e com vontade de aprender e crescer.
CB: Que desenvolvimento já viu na equipe, individualmente e coletivamente, nos cinco meses desde começarem os treinos?
Yuri: Durante as férias, desde janeiro treinamos praticamente sem parar quatro vezes por semana. Embora sem experiência de jogo, a equipe desenvolveu muito rapidamente na parte técnica básica durante este período. Agora entramos no campeonato e estamos participando dos jogos pra adquirir experiência.
CB: Quais são as idades da equipe? Tem foco numa faixa específica de idades?
Yuri: Nós temos atualmente gente de diversas faixas etárias, desde os 13 anos até os 30. Não há foco em uma idade específica ainda, pois a idéia é dar oportunidade àqueles que querem praticar o beisebol.
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Entrevistado pela RBS TV Santa Cruz como treinador do Farrapos em 2007. |
CB: Como pessoas com interesse em aprender beisebol podem saber mais sobre o time? O time e os treinos são abertos a mais pessoas?
Yuri: Podem entrar em contato conosco através do e-mail chimangosbc @ gmail.com, futuramente também pelo nosso website. Os treinos são abertos aos iniciantes, mas como todos os treinos são planejados, por favor nos envie um e-mail antes.
CB: Você é o técnico principal do time? Há uma equipe técnica ou auxiliares que te ajudem?
Yuri: No momento estou de técnico principal. Mas também outros jogadores auxiliam nos treinos, ou ministram os treinos em horários diferentes para que tenhamos diversos horários de treino, não somente uma vez por semana. Procuramos fazer “grupos” de treino em horários diversificados para dar oportunidade à outras pessoas com dificuldade de horário.
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Arremessador e craque do Farrapos na temporada de 2007. |
CB: Há uma diferença de metodologia entre seu time e os demais times do estado? Você toma uma abordagem ou tem um enfoque diferente?
Yuri: Sim, nossa organização nos treinos é um pouco diferente, todos são bem planejados, com horário definido pra tudo e o tempo bem aproveitado. O enfoque principal é no desenvolvimento da parte técnica. Visto que a maioria dos praticantes são adultos, cada um cresceu e desenvolveu com uma maneira diferente de arremessar a bola, ou então ainda não está acostumado com os diversos movimentos e mecânicas que o beisebol exige, então tentamos corrigir e aprimorar o máximo possível o pessoal. Buscamos também manter a seriedade durante os treinos, mas mantendo a confraternização e integração da equipe, indo assistir jogos de beisebol no bar, churrascos em conjunto, ou até partidas de vídeo game na casa de alguém.
CB: E o lado administrativo fica contigo também ou tem outra pessoal?
Yuri: Na parte administrativa, temos nosso tesoureiro que cuida exclusivamente da administração financeira, mensalidades e arrecadações de dinheiros para projetos. Também o resto da equipe auxilia nas decisões e demais questões administrativas, quando é alguma questão maior, procuramos decidir através de reunião.
CB: O que é a meta para o time na sua primeira temporada no campeonato estadual? Quais expectativas você tem?
Yuri: Aprender, adquirir o máximo possível de experiência e se divertir. A idéia é participar dos jogos buscando o aprendizado, inicialmente sem a ambição ou o intuito principal de vencer o jogo. Naturalmente, entramos no jogo para ganhar e com espírito competitivo, mas nesse primeiro momento, o objetivo não é esse.
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Entrevistado pelo Ico Thomaz em 2007 para o programa Patrola da RBS TV. |
CB: E no longo prazo, o que são as expectativas para o clube? Campeonatos? Times juvenis ou infantis?
Yuri: Ao longo prazo esperamos estar com nosso time de beisebol maior, mais definido e organizado, e também iniciar o trabalho nas categorias de base, com times em todas as categorias.
CB: O nome do clube inclui o “softbol”. O que é sua visão para o softbol?
Yuri: Durante todo este tempo trabalhando com beisebol, já recebi inúmeros e-mails e dúvidas de mulheres procurando um time para a prática do softbol em Porto Alegre. Sempre foi uma idéia que tínhamos e gostaríamos de colocar em prática e acredito que a equipe de softbol virá assim que tivermos uma estrutura bem definida com o beisebol no Chimangos.
CB: Você fez parte do moderno surgimento e desenvolvimento de beisebol aqui no Rio Grande do Sul desde o início. O que você acha sobre o estado atual de beisebol gaúcho? Cresceu mais que você esperasse quatro anos atrás ou menos?
Yuri: Estou muito contente com o atual desenvolvimento do esporte, graças à garra das pessoas envolvidas, creio que conseguimos bastante coisa em pouco tempo. Há alguns anos atrás nem imaginávamos que conseguiríamos formar uma equipe de beisebol, hoje já temos sete e o número acredito que só tende a crescer. Acredito que temos ainda muito espaço para crescer mais.
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Árbitro principal na maioria das partidas da temporada de 2009. |
CB: O que mais falta no momento no beisebol gaúcho? O que mais limita seu crescimento e desenvolvimento?
Yuri: No momento, acredito que necessitamos de inúmeras coisas. O mais fundamental naturalmente, é o espaço próprio para a prática, um campo de beisebol de verdade. Mas para conseguir isso precisamos correr atrás, e para isso precisamos também de gente realmente interessada em trabalhar para desenvolver o esporte aqui no estado. Como nos somos pioneiros, o trabalho é realmente difícil e exige tempo e dedicação. Também estabelecer maiores contatos políticos, patrocinadores, parcerias e outros, como alguns clubes já o fazem, podem nos ajudar a alavancar ainda mais o desenvolvimento. Para auxiliar nisto estamos criando a Federação Gaúcha de Beisebol e Softbol, para termos um maior respaldo político e uma representação maior do esporte no estado.
Sem contar também na parte técnica, em que aqui no estado ainda é muito precária em comparação a outros estados, mas isso só virá, com o desenvolvimento das categorias de base, com atletas treinando desde pequeno e desenvolvendo, pois infelizmente, o beisebol exige muito treinamento e dedicação. As categorias de base são essenciais para garantir o futuro do esporte no Rio Grande do Sul, bem como no Brasil inteiro.
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Apresentando o troféu ao vice-campeão no III Nacional Iniciante de Beisebol. |
CB: Pode fazer uma previsão par o esporte daqui a cinco anos?
Yuri: Acredito que teremos ainda mais equipes, principalmente vindas do interior do estado. Também teremos iniciado nosso trabalho com as categorias de base, e se Deus quiser, teremos campos surgindo nas cidades das equipes. O número de praticantes também deverá ser maior nas equipes e clubes já existentes, e o nível técnico ainda mais alto. Teremos também um maior desenvolvimento e organização do softbol, que atualmente vem crescendo. Teremos também uma associação de árbitros própria, também já organizada, que auxiliará nos campeonatos e eventos. Ainda vejo também uma maior participação do beisebol e softbol na comunidade, em eventos e trabalhos sociais. Isso tudo só conseguiremos se trabalharmos e nos dedicarmos para isso. Acredito que temos um grupo muito bom no estado, e se continuarmos unidos e nos ajudando mutuamente, chegaremos lá sem dúvida alguma.
Cerâmica Beisebol agradece o Yuri pelo tempo fazer esta entrevista e muito mais pelo investimento pessoal no desenvolvimento de beisebol aqui no estado. Seja como jogador, treinador, fundador, técnico, organizador ou árbitro, você é um grande desenvolvedor de beisebol gaúcho. Grande abraço, Yuri!
Confira:
Chimangos Beisebol e Softbol Clube
Cidade: Porto Alegre-RS
Data de Fundação: 22 de Setembro de 2009
Treinos: Domingos das 9h às 11:40h (e no outros horários durante a semana pela manhã a combinar ainda) no Campo 1 no Parque Marinha do Brasil (em frente ao Shopping Praia de Belas).
E-mail: chimangosbc @ gmail.com
Website: em construção
Comunidade(s) on-line: orkut
Muito legal a matéria, Chris.
Parabéns para todos envolvidos com o esporte no estado.
Parabéns pela matéria!!! e parabéns pelo time Yuri!!! O Nascimento de um novo time alegra todos os atletas do estado na minha opinião! e Seu papel no Baseball Gaúcho tem sído revolucionário! PARABÉNS ENFIM A TODOS OS QUE LUTAM PELO RECONHECIMENTO!!!
ABRAÇO!
muito legal a materia! muito obrigado ao Cris e ao Ceramica por essa reportagem entrevista de boas vindas!